100 litros de leite materno doados
Esse foi o saldo deste ano de Gildelene Santos a um hospital da zona leste de São Paulo. Conheça mais sobre a mãe de Natália e Gabriel, que divide seu tempo entre os cuidados com as crianças e a retirada de leite para alimentar bebês internados na maternidade

Quando a dona de casa Gildelene Lopes de Andrade Santos, de 31 anos, engravidou do primeiro filho, a Natália hoje com 12 anos, nunca pensou o quanto o leite em excesso que sobrava depois de amamentá-la (e ia por água abaixo) poderia ter um destino tão nobre . Muito menos imaginava que seria um dia homenageada por um hospital por doar essa quantia (100,7 litros, para ser mais exato) para bebês de uma maternidade.
Foi durante a gravidez de Gabriel, hoje com 1 ano, mais precisamente aos 7 meses de gestação, que Gil sentiu um forte desejo de doar leite. E ainda com o barrigão foi atrás de informações de como poderia fazer. Dois meses após o nascimento do filho, procurou o Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, no Belenzinho, em São Paulo, e deu o primeiro passo para a doação. “Eles conversaram comigo para saber tudo sobre minha rotina antes e durante a gravidez. Se eu usava drogas, se tinha alguma doença, se tinha feito alguma cirurgia. Mostrei também todos os exames do pré-natal e recolheram o leite para análise” conta.
Após passar pelo aval da maternidade, semanalmente, Gil recebia a equipe do hospital para entregar os frascos e retirar aqueles que ela já tinha congelado. No começo da doação, eram cerca de 10 a 15 potes de 300 ml (!!!) que Gil mandava para a maternidade a fim de alimentar os bebês internados. “Eu cheguei a tirar 1 litro de leite em um único dia”, conta, cheia de orgulho.
É quase impossível não perceber ao conversar com Gil a alegria e o prazer que sente na uma hora e meia diária (pela manhã e à noite) que deixa de dar atenção dos filhos (e a amamentação do menor) para se dedicar a crianças que ela nem conhece. E sente muito pelas vezes que não pode contribuir. “Teve uma época de chuva forte e era muito difícil a equipe do hospital vir até a minha casa. Como eu não tinha os frascos apropriados (ela frisa a todo momento a importância da higiene e o armazenamento do leite), jogava muito leite fora e ficava com dó de cada bebê que eu deixa de sustentar.”
Hoje, a colaboração de Gil é menor - doa em torno de 2 frascos de 300 ml a cada 15 dias -, porque a quantidade de leite que produz não é mais como antes, mas, ainda assim, faz questão de dividi-la. “Gabriel já come outros alimentos e é mais resistente que muitos bebês tão pequenos que estão internados. Por isso, não tenho medo que falte para ele”, conta.
Por sua dedicação, na próxima semana, Gildelene será uma das homenageadas durante um evento do hospital pelo Dia Nacional de Doação de Leite Humano (comemorado nesta sexta). Ela será destaque entre outras doadoras por ter fornecido cerca de 101 litros de leite! A homenagem, no entanto, parece ter uma pontinha de nostalgia no coração de Gil, que sabe que o seu período de contribuição está chegando ao fim. “Fico triste, porque não vou mais engravidar e não terei mais essa oportunidade doar. Ao mesmo tempo, sou muito feliz por ter feito minha parte. E espero que outras mães possam fazer o mesmo que eu”, diz.
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